TOCAR COM O CLARIM
Fatores de Sucesso
Para tocar um clarim corretamente, existem três fatores importantes que devemos ter em conta, a postura, a colocação do bocal, e a respiração.
POSTURA
Ao tocar o clarim, devemos estar numa posição natural e descontraída durante a prática, e na posição de sentido ao executar os toques numa formatura ou cerimónia. O peito deve estar fora, os ombros para cima, o queixo recuado, e a cabeça deve ser mantida erecta. Segura-se o clarim com a mão direita como mostrado na figura.
A bomba deve descansar na palma da mão para oferecer suporte ao instrumento. Quando se está tocando, deve-se manter o clarim paralelo ao chão ou inclinado ligeiramente para cima. Curvar ou apontar o clarim ao chão vai impedir a respiração adequada. Se o executante manter uma postura correta, é capaz de desempenhar as funções mais facilmente.
COLOCAÇÃO DO BOCAL
Coloca-se o bocal com firmeza, mas não com força, contra o centro dos lábios. A localização exata depende da forma dos dentes e dos lábios de cada individúo. A posição mais confortável e natural é a melhor posição para o executante. No entanto, depois de ter sido feita a selecção do melhor local para colocar o bocal, deve-se sempre praticar os toques, com ele nessa posição. Os lábios devem estar dentro do bocal, mas não devem estar apertados rigidamente. Eles devem estar livres para vibrar, uma vez que os lábios são para o clarim, o que as cordas vocais são para a voz. Para os lábios vibrarem corretamente, eles deverão estar húmidos. Enquanto se estiver a tocar, não se deve secar nem os lábios, nem o bocal. Se necessário, remove-se o excesso de saliva do bocal e do clarim. As vibrações dos lábios e o fluxo de ar que passa através dos lábios, faz com que a coluna de ar dentro do clarim vibre. São estas vibrações que fazem som.
RESPIRAÇÃO
A importância da respiração correta não pode ser melhor enfatizada. Como uma máquina a vapor, não anda sem o vapor sobre pressão, também não se consegue tocar o clarim sem um abastecimento suficiente de ar. Assim como o motor a vapor é projetado para controlar o fornecimento de vapor, também o clarim – executante – tem de aprender a controlar esse fornecimento. Algumas das maneiras encontradas para fazer o abastecimento e o controlo do ar, podem não parecer naturais, mas provaram-se necessárias, por todos os artistas hábeis no clarim e instrumentos semelhantes. O primeiro passo é, é claro, puxar o ar para os pulmões. Para fazer isso, respira-se através dos cantos da boca quando o bocal está no lugar. Respira-se pela boca porque não se consegue inspirar ar suficientemente rápido através do nariz, quando se está a fazer um toque longo ou rápido.
Armazenar e controlar o abastecimento de ar nos pulmões, pode parecer tão estranho como respirar pela boca, no entanto, se forem seguidos os passos mostrados nas ilustrações e na informação indicada não deverá haver problemas. O truque é praticar este método de controlo da respiração até que se torne natural - isto é, até que não se tenha que pensar nisso. As partes mais importantes do aparelho de respiração são os pulmões e o diafragma. Os pulmões são órgãos esponjosos que preenchem o maior espaço do peito. Os pulmões não possuem músculos, mas sendo elásticos, eles expandem-se ou contraem-se para preencher o espaço na cavidade torácica, conforme ele é expandido ou contraído. Normalmente, pensamos na expansão torácica exterior, como sendo a única expansão torácica possível. No entanto, a caixa torácica também se expande para cima e para baixo. A expansão para baixo é a ação que é mais importante para o Clarím. Esta expansão para baixo é normalmente controlada pelo diafragma. O diafragma é uma parede muscular forte, que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal. Quando este músculo está em repouso ele está na forma como se vê na figura, com as suas extremidades mais baixas do que a secção central.
Quando se está pronto a respirar, o diafragma contrai-se e a seção central move-se para baixo. Isso aumenta o espaço no peito. Os pulmões expandem-se, um vácuo é criado e ar passa para preencher esse vácuo.
A maioria das pessoas, na sua respiração normal, não faz um vácuo grande o suficiente e, consequentemente, não inspira ar o suficiente. Para a atividade do dia-a-dia, isso não importa muito, mas quando estão praticando algum exercício extenuante, ou quando estão tocando um instrumento, os pulmões e o diafragma não estão suficientemente bem desenvolvidos para lidar com a situação. Não só isso, como não sabem como fazer para melhorar a si mesmo. O segredo está em criar espaço para os pulmões quando se está inalando. Lembre-se que os pulmões são elásticos, e assim eles vão-se expandir apenas o suficiente para preencher o espaço disponível. Como se cria este espaço disponível? Na respiração normal não se dá qualquer ajuda ao diafragma quando ele comprime os órgãos abaixo dele. Mas, ao tocar o instrumento, deve-se relaxar os músculos abdominais quando se inala. Isto permite que o diafragma se mova mais para baixo, fazendo assim, uma cavidade maior, no qual os pulmões se podem expandir. Ao relaxar os músculos abdominais e ao mover o diafragma para baixo, pode-se ter a sensação de realmente estar empurrando estes músculos. Músculos, como os elásticos, não empurram, mas puxam. É o diafragma puxando para baixo que lhe dá a sensação de empurrar. No entanto, a ação muscular e o sentimento que se tem, não são tão importantes quanto o fato de que, o abdómen deve dar espaço para mais ar (ver figura abaixo).
Até agora falamos apenas sobre meter ar para dentro. O que acontece quando se quer tocar o clarim? Em vez de espremer o ar para fora do peito por contração dos músculos entre as costelas, como normalmente se faz, coloca-se a pressão a partir de baixo. Os músculos abdominais relaxados devem ser apertados, o mais rápido ou mais devagar, o necessário para fornecer um bom fluxo de ar. Deve-se manter uma pressão constante sobre o abastecimento do ar. A língua é a válvula que controla o fluxo do ar. Depois de ser feito o abastecimento do ar, a ponta da língua deve tocar a base dos dentes superiores. Pronuncia-se a sílaba "ta" e a língua vai, automaticamente, estar no lugar certo. Agora, com o bocal nos lábios e com uma tensão labial confortável, diz-se "ta". Essa ação é conhecida como o “ataque”. Para um bom ataque, a nota deve ser dada toda de uma vez. Será obtido este resultado desde que se tenha o cuidado de colocar a língua em posição de dizer "ta", criar pressão de ar apertando os músculos abdominais, em seguida, solta-se o fluxo de ar, dizendo "ta". Até que se tenha esgotado o ar, segura-se a língua por trás dos dentes. Mantem-se o ar a fluir pela pressão dos músculos abdominais. Por enquanto, mantem-se apenas tensão suficiente nos músculos dos lábios para evitar que o ar se escape através dos lábios para fora do bocal. Os lábios devem vibrar para que se obtenha um zumbido como o som de uma vespa ou uma abelha do bocal quando não está no clarim. Mantem-se a mesma nota por tanto tempo quanto se puder. Não deixar o tom tremer. Com o tempo, o executante deverá ser capaz de segurar uma nota por mais de um minuto, sem qualquer "oscilação" no tom. Isto significa que está desenvolvendo uma embocadura. Deve-se ter em mente que a sílaba de ataque é "ta", e não "da". O som "da" vai dar-lhe um ataque mole e, mais tarde, torna-se impossível para tocar notas rapidamente. Para variar o tom, apertam-se os lábios ligeiramente. Ao apertar os lábios estamos a aumentar a velocidade de vibração nos lábios e, portanto, a velocidade da vibração da coluna de ar no interior do clarim. Deve-se evitar aumentar a pressão do bocal contra os lábios. A pressão adicional pode ajudar a elevar o tom, mas também irá cortar a circulação do sangue nos lábios, levando-os a cansarem-se mais rapidamente. Para tons agudos, empurra-se o lábio inferior ligeiramente para fora, de modo a soprar na direcção do topo do bocal.
Agora que já sabe o básico para tocar o clarim, experimente!