OS UNIFORMES DA FANFARRA DA ARMADA
A Fanfarra da Armada não dispõe de uniformes diferentes dos demais militares da Marinha, porém usam artigos específicos, regulamento pelo Regulamento de Uniformes dos Militares da Marinha, quando em cerimónias ou guardas de honra.
A maior diferença que podemos verificar nos uniformes da Fanfarra da Armada, em relação ao restante pessoal de Marinha, são os distintivos de especialização em Clarim.
Os distintivos das especializações de sargentos, bordados a fio de ouro, e os de praças, bordados a fio de algodão perlé vermelho ou azul, ou confeccionados em metal dourado, são uma trompa, na posição horizontal.
Os distintivos mencionados anteriormente são de uso obrigatório, devendo ser colocados no lado direito do peito.
Os distintivos usados no lado direito do peito, são bordados a fio de ouro, para os sargentos, e a fio de algodão perlé vermelho, para as praças, sobre elipses de tecido de lã azul.
Os distintivos metálicos usados no lado direito do peito para os sargentos, e para as praças confeccionados em metal dourado, com alfinete de fixação, e pregados ao peito por intermédio de molas brancas.
Quando, com os uniformes números 3-A ou 4-A, integrarem a Fanfarra da Armada ou ternos de clarins, o pessoal especializado em clarim usa, do equipamento prescrito para Fanfarra aquele que lhes disser respeito, exceptuam-se os sargentos-mores, sargentos-chefes, sargentos-ajudantes e primeiros-sargentos no desempenho de funções de chefia, que usam talim e espada com fiador. Noutras formaturas para desfiles ou guardas de honra, onde os clarins actuarem no âmbito específico da sua classe ou especialização, daquele equipamento prescrito para a Fanfarra, são utilizados pelo pessoal em causa cordões e galhardetes (clarins) ou só cordões (requintas) e ou bandoleiras e aventais (caixas).
Do equipamento dos componentes da Fanfarra da Armada, pertencem a este grupo os aventais para caixa ou timbalão e para timbalão-mor, as bandoleiras de caixa ou timbalão e de timbalão-mor, o bastão do tambor-mor, as borlas para sabre, os canhões, os cinturões para sabre, os cordões para clarim, os galhardetes para clarim e os sabres, que a seguir se descrevem:
a) Avental para caixa ou timbalão, é branco, de capicua, tem, junto à orla superior, duas presilhas que fecham com mola, permitindo suspendê-lo do cinturão;
b) Avental para timbalão-mor, é de pele de leopardo, apresenta o rebordo superior, a meio, um pequeno corte em V cujo propósito é deixar a descoberto o fiel de navalha da praça que o vestir, completam-no dois pares de presilhas da mesma pele, cosidas na sua orla, ajustáveis por meio de fivelas, um par em torno do pescoço, outro em torno da cintura;
c) Bandoleira de caixa, formada, na sua essência, por duas tiras de pele, unidas em V, uma passadeira móvel e, nos extremos livres, uma fivela e os furos onde esta trabalha permitem ajustar-lhe o perímetro, uma argola ou um gancho, fixado por presilha cosida a envolver e a consolidar o vértice do V, faculta a suspensão da caixa; tiras, passadeira móvel e presilha são de pele de anta, branca; fivela e argola ou gancho são metálicos e cromados; a bandoleira veste-se a tiracolo, por cima do ombro direito;
d) Bandoleira de timbalão, é formada por uma tira de pele de anta, branca, com uma fivela cromada, de dois fuzilhões, num dos extremos, e, no outro, a furação dupla onde a fivela actua para lhe ajustar o perímetro; completam-na duas passadeiras móveis, uma também de pele de anta, branca, outra, metálica, fazendo corpo com o gancho cromado onde se suspende o timbalão; a bandoleira é vestida a tiracolo, por cima do ombro direito;
e) Bandoleira de timbalão-mor, é formada, na sua essência, por duas tiras de pele de anta, brancas, estendem-se, em simetria uma com a outra, desde o cinturão para sabre, atrás e de um dos lados do corpo, por cima do ombro contrário, ao timbalão, à frente; as tiras têm os extremos posteriores afivelados a passadeiras do mesmo material que vestem no cinturão, cruzam-se a meio das costas, no interior de uma terceira passadeira também branca e de pele de anta, e dispõem, nos extremos anteriores, de ferragens próprias para suspenderem o timbalão;
f) Bastão do tambor-mor, é em madeira, com casto e ponteira, é vestido por um cordão azul e branco, de fio de seda, que o atravessa de lado a lado um pouco abaixo do castão e cujas pernadas, de igual comprimento e com borlas do mesmo material nos extremos livres, o envolvem, à medida que descem, entrelaçando-se, até junto da ponteira;
j) Cordão para clarim, é de fio de seda azul, com 2,200 m de comprimento e unindo duas borlas do mesmo material, é ligado ao clarim por voltas de fiel dadas com as suas extremidades, uma em torno do bocal, outra em torno da campânula, por forma a resultarem chicotes livres de 0,100 m a 0,150 m;
h) Canhões, são brancos, de capicua, são usados sobre as luvas brancas de algodão, podendo ter dispositivos internos simples que ajustam aos pulsos as suas orlas inferiores;
i) Cinturão para sabre, tem fecho de latão amarelo, no qual duas âncoras de latão cromado, em relevo, se cruzam; é de perímetro ajustável, branco, de pele de anta, e veste uma pala da mesma pele e da mesma cor, provida de uma passadeira onde enfia o cinturão e de um rasgo de contorno próprio para abraçar e suspender a bainha do sabre, sem prejuízo do embainhar e do desembainhar deste último;
l) Galhardete para clarim, é em tecido de seda azul, medindo 0,260 m de altura por 0,280 m de largura, de dupla face, com uma âncora, de 0,110 m de altura, no centro, bordada a fio de algodão vermelho e emoldurada por três vivos brancos, de seda, análogos, na forma e na disposição, às três fitas da mesma cor que guarnecem o colarinho de alcaxa; tem, aos lados e em baixo, uma franja de fio também de seda azul; na orla superior, sem franja, encontram-se os três atilhos que o atam ao clarim e na orla oposta a esta um esticador, embainhado a toda a largura entre as duas faces, o que lhe proporciona a rigidez transversal;
m) Sabre, tem lâmina de dois gumes e punho de madeira terminado, em cima, por uma cabeça de leão de metal branco e, em baixo, por guardas do mesmo metal; aloja-se numa bainha de couro preto, guarnecida por bocal e ponteira, ambos de metal branco; um grampo fixo, no bocal, permite suspender o conjunto como refere a alínea i).
Visualmente comparando os uniformes da Fanfarra da Armada com outras fanfarras europeias, a Fanfarra da Armada provavelmente é aquela que visivelmente menos se destaca. Uma solução passaria pela criação de um novo uniforme específico para a Fanfarra, como acontece na Banda da Armada em que todos usam uma farda igual.
Uma vez que, em 10 de Janeiro de 2018, Sua Excelência Almirante CEMA publicou um despacho com vista à recriação dos uniformes aprovados em 1807 para os fuzileiros da Brigada Real da Marinha, para uso nas principais cerimónias militares do ramo, tal poderia ser também aplicado à Fanfarra da Armada.
Poderia ser recriado também um uniforme do século XIX, como era usado pelos tambores, visível aqui na imagem.
Fica a sugestão.